Existe uma relação muito estreita da Gralha-azul com o Paraná. A ave está associada à Mata das Araucárias e, sendo o estado famoso pelo bioma, é considerada a ave símbolo do Paraná.
O pinhão, semente da Araucária, árvore símbolo do Paraná, é o principal alimento da Gralha-azul no inverno. A Gralha-azul é uma espécie relativamente grande , medindo em torno de 40 cm, de um azul reluzente, cabeça, pescoço e peito negros, penas da fronte arrepiadas formando uma espécie de topete, bico forte e cauda comprida. Vive na mata, gosta de se reunir em bandos nos pinheiros e é sim, considerada muito inteligente! Sua comunicação bastante complexa consta de pelo menos 14 termos vocais (gritos) bem distintos e significativos. Também possuem uma organização hierárquica nos bandos formados entre 4 a 15 aves, com divisão de clãs e mantém-se estáveis por até duas gerações. No período reprodutivo, de outubro a março, todas as aves do bando colaboram na construção dos ninhos, na parte mais alta das árvores mais altas, preferencialmente na coroa central das araucárias, onde são postos 4 ovos em média.
Acontece que a Gralha-azul é o principal animal disseminador da araucária, uma vez que durante o outono, quando as araucárias frutificam e as pinhas amadurecem, bandos de gralhas desmancham a pinha no galho e estocam os pinhões para se alimentar. Neste processo, as Gralhas-azuis têm o hábito de enterrar os pinhões, encravando-os no solo ou entre raízes dos troncos de árvores. Ela segura-o pelo bico de modo que a parte mais pontiaguda seja introduzida no solo ou em troncos caídos já em início de decomposição. Enterra-os e cobre-os com folhas e galhos secos, numa tarefa laboriosa, de forma a escondê-los. Esse acaba sendo o local propício para a formação de uma nova árvore.
Além de contribuir na tarefa de reflorestar o Paraná, a Gralha-azul é um símbolo protegido por lei. Diz a Lei Estadual Nº. 7957 de 12 de novembro de 1984, no Artigo 1º: “É declarada ave-símbolo do Paraná o passeriforme denominado Gralha-azul, Cyanocorax caeruleus, cuja festa será comemorada anualmente durante a semana do meio ambiente, quando a Secretaria da Educação promoverá campanha elucidativa sobre a relevância daquela espécie avícola no desenvolvimento florestal do Estado, bem como no seu equilíbrio ecológico”.
Graças a essa feliz interação, a Gralha-azul e o pinheiro têm conseguido se perpetuar através dos tempos, não só na natureza, mas também no coração dos paranaenses.
Você sabe que existe um período para o consumo do pinhão que não compromete a preservação nem das Araucárias e nem da Gralha Azul? A colheita e o consumo devem ser feitos somente entre os meses de abril e julho, de acordo com o Instituto Ambiental do Paraná. É nessa época que as araucárias amadurecem as pinhas para a reprodução da espécie. Havendo demanda para consumo nessa época do ano e respeitando essa sazonalidade, os agricultores são estimulados a plantar mais pinheiros para melhorar a renda e, com isso, evitar a extinção tanto da Araucária quanto da gralha-azul.
Fique tranquilo e coma à vontade nossos picolés de pinhão que somente são comercializados entre os meses de abril a julho, para que as pessoas possam se deliciar dos benefícios nutricionais do pinhão, que são muitos, e ainda garantir o consumo correto do fruto e estimular seu plantio.